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Diversificação turística com hostels: em Guimarães abrem 131 em cinco anos

O conceito de alojamento local chegou a Guimarães em dezembro de 2008 e, de lá para cá, nasceram 198 espaços do género. Lugares como hostels dão “uma resposta diferente” um pouco por todo o concelho.

15 agosto 2022 > 09:10

A oferta de alojamento turístico em Guimarães está a diversificar-se. Ao calcorrear-se a malha urbana, é percetível que há cada vez mais hostels e estabelecimentos de alojamento local. Edifícios históricos e emblemáticos foram recuperados e, das ruas mais centrais à esquina do local mais remoto, os turistas instalam-se na cidade - Centro Histórico e não só -, usufruindo em pleno do que Guimarães tem para oferecer.

São estruturas que dão “uma resposta diferente” para um “tipo de público diferente”, aponta Paulo Lopes Silva, vereador da Câmara Municipal de Guimarães com o pelouro do turismo. Se a perceção não for suficiente, os números de licenciamentos do município não deixam margem para dúvidas. Desde o início deste ano já abriram em Guimarães duas dezenas de hostels, sendo que, em cinco anos – entre 2017 e 2021 –, foram criados 131 estabelecimentos de alojamento local no concelho. Ao todo, estão licenciados 198 alojamentos locais em Guimarães, o que se traduz em sensivelmente um milhar de camas.

Estes números têm “um significado muito importante para aquilo que é o turismo em Guimarães”, analisa o vereador, apontando que este tipo de alojamento tem proporcionado a “diversificação da oferta instalada” na cidade e no concelho. “Estas estruturas de alojamento local dão um tipo de resposta diferente para um tipo de público diferente que está a surgir nas cidades, que procura este tipo de oferta e lhe permite estar em família de forma autónoma, com os seus espaços próprios de refeição”, acrescenta.

Voltando ao périplo pela calçada das ruas do burgo, tem-se tornado comum ver famílias de turistas tornarem-se quase que vimaranenses por uns dias, entrando nos edifícios de chave em riste naquela que é a sua casa. Só no Largo da Oliveira há oito hostels à disposição, mais meia dúzia na Rua Egas Moniz e dois na Praça de São Tiago. Uma percentagem considerável destes alojamentos concentra-se na malha urbana da cidade, muitos deles no centro histórico, pelo que tem sido preocupação do município no licenciamento “manter o equilíbrio” entre alojamentos e habitação, de forma a não se verificar “uma sobreposição da quantidade de alojamentos à quantidade de habitação”.

 

Primeiro alojamento nasceu numa “freguesia mais pacata”. E “muita gente conhece Atães por causa da Casa dos Cedros”

Mas se a maioria dos alojamentos locais se concentra no centro, a verdade é que o conceito surgiu em Guimarães numa freguesia limite do concelho, na fronteira com Fafe: Atães. Em 2008, a oito dias do Natal, a Casa dos Cedros abriu como primeiro estabelecimento de alojamento local devidamente licenciado. Uma moradia com quatro quartos, um salão, sala, cozinha e um “espaço exterior agradável com piscina” potenciou a criação deste estabelecimento; o “conceito bastante interessante” seduziu a proprietária para “dinamizar um pouco esta região”.

“A Casa dos Cedros fica em Atães, uma freguesia mais pacata, digamos assim. Na altura, ao abrirmos, foi também para levar as pessoas, os turistas, a conhecer uma freguesia que tem os seus interesses. Serve para divulgar a freguesia: hoje muita gente conhece Atães por causa da Casa dos Cedros”, aponta Rosa Maria Vitoriano, proprietária do espaço.

Este conceito vai ao encontro da ideia expressa por Paulo Lopes Silva, da diversificação instalada, uma vez que, sustenta o vereador, “o alojamento local é algo que, pela sua dimensão e pela sua proporção, permite instalar-se em locais menos habituais. É uma diversificação que está muito alinhada com a nossa visão e estratégia turística”. Em localizações em que seria impensável pensar-se em alojamento convencional, este tipo de estabelecimentos alarga o leque de oferta. “Além de potenciar o centro da cidade, pressupõe o alargamento das visitas a outros pontos de interesse um pouco por todo o concelho”, destaca o vereador.

Retomemos o caminho para Atães. A Casa dos Cerros é procurada essencialmente pelo “mercado interno”, segundo Rosa Maria Vitorino. As pessoas chegam de várias regiões de Portugal: “Ainda recentemente estiveram cá pessoas do Algarve e de Leiria”. Até porque, reconhece, a Casa dos Cedros não tem grande divulgação.

“Não fazemos disto profissão. Quando reconstruimos o espaço, um amigo disse que não se importava de lá ficar. A partir daí pensámos neste conceito de Alojamento Local. Mas como fazemos isto por carolice não está assim muito divulgado. É uma coisa na qual estamos a pensar”, pontua a proprietária, acrescentando que o espaço serve também para albergar várias festas de família e de grupos.  

 

“Os turistas sentem que é um luxo poder ficar no Centro Histórico de Guimarães”

De Atães descemos até à Praça de São Tiago, onde há sensivelmente uma dezena de anos está o Hostel Santiago 31 de portas abertas. “Aqui as pessoas estão mesmo no centro, e sentem que verdadeiramente estão a dormir em Guimarães”, indica João Xavier. O edifício icónico de cor amarela com rebordos bordeaux transformou-se num hostel que alberga 29 pessoas em “localização privilegiada”.

O proprietário do espaço constata que os utilizadores têm mudado ao longo dos anos. Ao contrário do que acontecia antigamente, em que a opção por um hostel estava relacionada com o preço, nos dias de hoje as pessoas procuram o que de bom um hostel pode oferecer. “Não há localização como a nossa. As pessoas estão mesmo no centro, podem vir beber um copo cá fora a qualquer altura. Isso tem o seu ponto positivo, mas também tem um contra: o ruído”, diz. Ainda assim, insiste que “os turistas sentem que é um luxo poder ficar no Centro Histórico de Guimarães”.

Entre esses turistas destacam-se portugueses, brasileiros e espanhóis, mas é muito variável. “Na Páscoa, o top são os espanhóis; por exemplo, batem os portugueses”, refere João Xavier, assinalando que “o turismo em Guimarães está a aumentar muito”. “Estamos a ganhar novos mercados como Estados Unidos, Canadá, Bélgica, e outros países”. Assumindo que o conceito de alojamento local, enquanto hostel, esta muito ligado aos centros urbanos, o proprietário do Hostel Santiago 31 espera que “não se perca” em Guimarães a dimensão das pessoas a viverem no Centro Histórico, porque é isso que dá vida ao dia a dia.

Sendo os alojamentos locais uma realidade crescente, o município de Guimarães está a promover reuniões com estes espaços para poder “potenciar” a sua oferta. O que se pretende é “criar oportunidades de cross-selling [oferta de produtos complementares ao que o cliente procura], cruzando estas unidades com a animação turística e cultural e criando pacotes de hotelaria, restauração e animação”, vinca Paulo Lopes Silva.

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