Movimento Perpétuo Associativo - LordVespas
A participação no European Vespa Days de 2023, na Suíça, e um novo evento na vila são alvo de estudo na sala agora decorada com t-shirts de passeios na antiga EB1 do Alto, a nova sede do grupo.

Em que contexto surgiu a LordVespas? Participou na criação do grupo?
Sou o principal fundador do LordVespas. A ideia surgiu da minha parte, porque fui a primeira pessoa a ter Vespa. Depois, juntámos um núcleo duro de cinco amigos, vizinhos meus. Eles foram adquirindo as vespas. Em 2010, participámos no Vespa World Days, em Fátima, e a Junta de Freguesia convidou-nos a organizar um passeio anual de vespas e de motas antigas, algo que nunca fora feito em Lordelo. De 2010 até 2022, só não o fizemos em dois anos, os da covid-19.
O passeio já decorreu em maio. Em 2022, decorre em setembro. A data é variável?
Varia sempre. A marcação depende dos feriados e de muita outra coisa. Como havia o European Vespa Days em julho, seria complicado marcar antes, porque as pessoas já tinham de despender o dinheiro. Lançámos o cartaz no dia 27 de julho, e, num prazo de 10 dias, fechámos as 120 inscrições. A limitação tem a ver com o espaço do restaurante. E não queríamos mudar. Contudo, abrimos 50 inscrições light, com muita adesão, em que o valor é menor, sem direito ao almoço, nem aos sorteios. Mas as pessoas querem à mesma participar.
E que balanço faz destes 12 anos a rolar pela vila de Lordelo?
O passeio tem corrido sempre bem, com a Junta a ceder-nos as instalações e a ajudar-nos também nas licenças. O resto do trabalho é feito com as pessoas que nos apoiam. No segundo ano, em 2012, tivemos perto de 230 inscrições de malta de vários sítios. Já é um habitué as pessoas quererem participar no nosso passeio. Agora somos associação, mas ao início não éramos, pelo que não podíamos ficar com o dinheiro. Então os passeios tiveram sempre com cariz social.
Em mais de uma década de passeios, que instituições já apoiaram com as receitas obtidas?
Já ajudámos os Bombeiros Voluntários de Vila das Aves, a Associação de Reformados de Lordelo, a Associação de Dadores Benévolos de Sangue de Guimarães, com um valor de 500 euros. Esse foi sempre o motivo para os passeios, aliado ao gosto de andar na vespa. Ainda vamos definir quem ajudar neste ano. Também temos de ter algum fundo de maneio para estas despesas.
Até porque há vários custos, certamente. Quanto cobram de inscrição?
A inscrição é de 20 euros, o que não paga metade do que a LordVespas tem para oferecer. Damos um almoço soberbo, um vale de 3,5 euros para dois litros de gasolina, o pequeno-almoço e os lanches da manhã e da tarde. Temos o sorteio de uma mota, temos capacetes, óleos, casacos. Tudo isso tem de ser pago com a ajuda de todos os membros da LordVespas e com patrocinadores, a quem agradecemos de forma especial. Vamos ter pessoas de Barcelos, do Porto, de Coimbra, que já se inscreveram para o passeio de 17 de setembro. Se fixássemos 50 euros de inscrição, elas pagavam os 50 euros de inscrição.
Que mais-valias trará a nova sede neste Centro Associativo e Comunitário de Lordelo?
Como a antiga Escola EB1 do Alto ficou parada, a Junta de Freguesia disponibilizou o espaço a todas as associações ou grupos que a quisessem ocupar. Até agora não tínhamos espaço físico. Até agora organizávamos as coisas por chamada telefónica: “Olha, no domingo, é para ir para um passeio de 200 quilómetros. Ok, vamos”. Nestes anos, fomos acumulando em nossas casas brindes, camisolas, t-shirts. Como temos um espaço físico, vamos, uma vez por mês ou de 15 em 15 dias, ter espaço para conversar, conviver. Será mais fácil divulgarmos agendarmos passeios e estarmos presentes, sempre com o princípio de divulgar a LordVespas e de elevar o nome da vila de Lordelo.
Quais são os objetivos da LordVespas para o curto e médio prazo – dois anos, digamos?
Nos próximos dois anos, queremos completar a decoração deste espaço para o tornar apelativo para o nosso grupo de amigos. Por norma, fazemos todos os anos um passeio no Natal e queremos fazê-lo. Também estamos a pensar ir ao European Vespa Days, que se realiza na Suíça, em Interlaken, em junho do próximo ano. Por aqui, estamos a pensar fazer um evento só de vespas. Fomos convidados para realizar um passeio de vespas em Lordelo. A ideia é juntar 400 ou 500 motas para o ano de 2023. Isso engloba outros valores, outras preocupações, outra logística.
Mas esse será um evento substituto do passeio atual?
Será o substituto do passeio deste ano; queremos fazer um passeio só de vespas em Lordelo, com um mínimo de 400 a 500 vespas. Já fui a muitos passeios e não encontrei esse número. No IberoVespa [encontro anual do Vespa Clube de Lisboa], não havia 500 vespas. Queríamos fazer isto aqui em dois dias. Somos muito reconhecidos pelo que oferecemos, pelo almoço em si, pelos prémios que temos. É um costume fazer isso todos os anos. À tarde [de 17 de setembro], temos a inauguração do novo espaço, com a LordVespas a oferecer uma sande de porco no espeto e uma bebida. Isso dá muito trabalho aos 16 amigos que fazem parte.

A “paixão” do pai rasgou a estrada de Marco para um grupo bem premiado
Sem precisar a idade ou episódio específico, Marco Vieira sabe bem o porquê da afeição para com a icónica scooter da Piaggio. Herdou-a do malogrado pai, José Maria. “Sempre teve uma paixão muito grande pelas Vespas. Ele tinha a mota e comecei a gostar daquilo. Pensei para mim: se um dia tivesse uma mota, teria de ser uma vespa”, confessa o aficionado de 48 anos ao Jornal de Guimarães.
Esse dia chegou, com a compra de uma 50s vermelha, em Barcelos. Restaurou-a e andou nela bastantes anos até mudar para uma 150 Sprint Veloce, modelo que o obrigou a tirar carta de condução em 2009. Entretanto, guardou a mota do pai – outrora azul, hoje branca. “Tenho duas Vespas, mas nunca andei na mota dele”, esclarece.
Com a 150 laranja, associou-se a outros vespistas de Lordelo em 2010 para uma aventura que já conta, por exemplo, uma viagem pela Estrada Nacional 2, mas no sentido Faro-Chaves. “Enviámos as motos por uma transportadora, fomos de avião e viemos de vespa. Em Vidago, tivemos uma receção espetacular, com lanche, mesmo antes de terminarmos”, recorda.
Noutra ocasião, em Pampilhosa da Serra, a LordVespas ganhou os prémios de Vespa mais bem restaurada e de Vespa mais antiga entre os grupos presentes. “Foi um dos nossos amigos. A vespa é dos anos 50 do século XX”, frisa. Seja qual for o passeio, vinca Marco Vieira, a LordVespas consegue, por norma, ser dos “grupos mais bem representados”, promovendo assim a vila de Lordelo.