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Muralha: 40 anos a defender o património vimaranense

Nas últimas quatro décadas, a associação tem procurado sensibilizar os cidadãos para o património que os rodeia e para as práticas urbanísticas que devem ou não envolver os edifícios classificados.

23 dezembro 2021 > 14:00

A MURALHA – Associação de Guimarães para a Defesa do Património comemorou, em 2021, quarenta anos de existência. Constituída no dia 26 de março de 1981, com o objetivo estatutariamente definido de “contribuir para a defesa, estudo e divulgação do património cultural e natural, sua conservação e recuperação”, continua focada em alertar todos os interessados – tanto a comunidade como os decisores políticos – para a necessidade de preservar o território. A “questão da defesa patrimonial continua a ser fundamental”. Palavra de presidente. O Jornal de Guimarães esteve à conversa com Rui Vítor Costa, que assumiu o cargo há uma década.

Rui Vítor não tem dúvidas nenhumas de que a distinção da UNESCO “foi fundamental”. Não só na vida económica da cidade e do concelho, mas sobretudo pelo “impacto tremendo na forma como os vimaranenses olham a sua cidade e o seu centro histórico”. O presidente da associação complementa: “Uma coisa é nós gostarmos dos sítios, outra é – e muito mais gratificante até – isso de sermos reconhecidos por entidades como a UNESCO”. Em tom nostálgico, recorda os tempos idos. “Este assunto sempre uniu as diferentes opções políticas e partidárias, e isso não é nada fácil”, vincou. A efeméride, celebrada todos os anos por ocasião do aniversário, no dia 13 de dezembro, continua a ser um motivo de orgulho para os vimaranenses.

Em perspetiva, o presidente da MURALHA é perentório ao afirmar que “a visão das pessoas mudou” desde o início dos anos de 1980. A associação foi fundada no meio do tumulto político pós-25 de abril e de “uma fúria desenvolvimentista”. Rui Vítor acredita que os seus desígnios vingaram ao longo das últimas quatro décadas, “sobretudo pela adesão das pessoas a esse mesmo movimento”. E justifica com aquilo que são as particularidades das gentes de Guimarães: “Vingou sobretudo, porque as pessoas de Guimarães têm muito orgulho em serem de Guimarães e, para elas, a questão de proteger aquilo que são marcas identitárias, mesmo sendo marcas identitárias de património edificado, é fundamental”.

Rui Vítor sabe que não há tempo para descansar quando se defende uma causa: “Convém lembrar e relembrar que todo este processo de preservação patrimonial está continuamente sujeito a atentados que ainda hoje se verificam”. Um deles é a pressão imobiliária que a Penha tem sofrido.

Apesar de a associação não ter poder para decidir em matérias de urbanismo, tem outros argumentos. De acordo com o presidente, no início do ano vão ser publicamente conhecidos os resultados dos estudos levados a cabo em colaboração com a Escola de Arquitetura da Universidade do Minho. Foi aos estudantes que a agremiação recorreu para “alertar as pessoas sobre a necessidade de preservarem a Penha e de estarem atentas ao urbanismo que à volta dela se faz, porque é um bem inestimável e um ícone da própria cidade enquanto montanha que a domina”.

A MURALHA acredita que dar a conhecer a cidade é o caminho para a proteger, e é isso que tenta fazer através de visitas guiadas e de exposições fotográficas. “Nós achamos que só conhecendo o património e a sua história é que existe força e vontade para o defendermos. Portanto, quanto melhor o conhecermos, melhor o defenderemos”, diz o presidente. Tem sido assim ao longo dos últimos quarenta anos; uma vida dedicada à defesa do património que, a meio, recebeu com o sabor da vitória a distinção do centro histórico como Património Cultural da Humanidade.

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