A rede de transportes mais elétrica e com a frota mais jovem do país está prestes a somar km em Guimarães. Poderá acompanhar em tempo real a localização dos autocarros de uma rede com mais linhas, mais horários e mais interativa. A 1 de janeiro está prometida uma “revolução dos transportes” que pretende transportar sete milhões de passageiros.

Guimarães está prestes a assistir àquilo a que Sofia Ferreira, vereadora municipal com o pelouro dos  transportes, assumiu ser “uma revolução nos transportes públicos”, não só na malha urbana da cidade, mas em todo o território do concelho. Depois de um processo moroso que se arrastou no tempo e que levantou dúvidas, no primeiro dia do ano 2022 entrará em funcionamento a nova concessão dos transportes públicos rodoviários em Guimarães, adjudicada à empresa vimaranense Vale do Ave.

Guimabus é a designação da nova concessão de transportes que vai operar no território vimaranense, substituindo os TUG – Transurbanos de Guimarães, que operam desde a década de 60. Uma concessão com caráter essencialmente urbano que nunca chegou a ser uma solução capaz de ligar o vasto território de Guimarães e considerada uma das principais brechas vimaranenses nas últimas décadas. A nova concessionária de transportes de Guimarães já está a emitir títulos de transporte para janeiro para aquele que é “o novo paradigma dos transportes”, segundo Fernando Salgado, CEO da empresa.

“Estamos a trabalhar para que os vimaranenses possam andar mais de transportes públicos, o que se consegue com uma boa oferta”, refere o principal responsável pela Guimabus ao Jornal de Guimarães. É precisamente com uma oferta exponencialmente superior à que está em vigor até ao final do ano que a Guimabus promete “uma nova era”. Já estão em Guimarães os 80 novos autocarros da frota que vai percorrer o território vimaranense, 22 dos quais elétricos em que mais de metade da frota tem zero quilómetros. A desconfiança inicial está ultrapassada e a Guimabus está no terreno pronta a transportar a população.

“Havia muitas dúvidas porque o nosso know-how era mais na vertente do turismo, mas somos uma empresa com mais de trinta anos cá da terra. O nosso plano foi feito com muito rigor e foi muito escrutinado pelo município, tendo sido desde logo aprovado”, dá conta Fernando Salgado, que conseguiu a concessão com uma proposta de 15 milhões de euros válida para dez anos, quando o valor apontado pela autarquia era de 30 milhões de euros.

Em parceria com o município, a ambição da Guimabus passa por introduzir uma mudança no estilo de vida dos vimaranenses, quase que de forma cultural, incentivando-os a utilizar os transportes públicos. “Mudar mentalidades é difícil, é um orgulho para a nossa empresa, uma empresa familiar, vencer o concurso na nossa terra. Só conseguiremos mudar a mentalidade das pessoas quanto tiverem vantagem em andar nos transportes públicos, quer no custo quer no tempo”, sublinha o líder máximo da empresa, apontando como uma mais-valia o facto de a nova operadora dos transportes rodoviários em Guimarães conhecer o território como ninguém.

Mais linhas, menos pegada ecológica e muita tecnologia

Numa vertente mais prática, aquilo que se pode esperar é efetivamente uma nova rede de transportes que “vai chegar praticamente a todos os vimaranenses”, no entender de Sérgio Ferreira, diretor de operações da Guimabus. O novo mapa de transporte público contempla 66 linhas numa rede de sensivelmente 242 quilómetros quadrados com 1519 paragens. A maior frota elétrica do país promete um acrescento de cerca de 30% ao serviço existente até agora, reforçando as linhas urbanas, mas essencialmente fazendo a diferença com a presença nas vilas e num território mais alargado.

“Há um reforço de circulação em termos de transporte urbano, nomeadamente na linha cidade, que alarga o seu âmbito e aumenta a frequência; teremos também novas linhas, ligando-se pontos como a estação de Lordelo com o Espaço Guimarães, o Avepark e Serzedelo”, exemplifica Sérgio Ferreira. Na pegada ecológica está também uma das inovações desta concessão, que terá uma das frotas mais jovens do país (viaturas com idade média de 4,12 anos) e ainda 22 autocarros elétricos. A passagem de apenas um autocarro elétrico para 22 faz com que Guimarães seja o município nacional com mais viaturas elétricas.

“Temos uma frota com uma idade média muito baixa, mais de metade dos veículos são novos, e os usados são recentes, com níveis de poluição bastante aceitável. A nossa contribuição para a pegada ecológica será significativa, 40% do total de quilómetros será feito com veículos elétricos nas linhas urbanas, que têm o maior número de quilómetros por dia”, dá conta o diretor de operações da Guimabus.

Contudo, a maior mudança estará na experiência do cliente, que de forma tecnológica passará a ter à disposição vários serviços de forma simplificada. Possibilidade de pagar os títulos de transporte através da rede SaltPay (Pagaqui) e até ter títulos de transporte desmaterializado no smartphone, adquirível a qualquer hora em qualquer lugar, serão realidades a introduzir neste sistema de transportes. A aplicação móvel com possibilidade de aferir em tempo real o tempo de espera e a localização dos autocarros é outra novidade da rede Guimabus.

“Estamos a apostar na comunicação com os clientes, quer nas redes sociais quer no nosso site e até na imagem. Na nossa app teremos informação em tempo real para que os passageiros saibam quantos minutos faltam para um autocarro chegar a determinada paragem”, informa Sérgio Ferreira.

Apenas do dia 1 de janeiro será possível aceder a estes serviços, mas os autocarros da Guimabus já andam por aí “a fazer testes, ensaiar linhas e tempos”. A “empresa de vimaranenses para vimaranenses”, como referiu Fernando Salgado na apresentação formal deste projeto, promete “transportar o futuro”, na tal revolução dos transportes prometida pelo município.

Guimabus em números

80 Autocarros (22 elétricos)

66 Linhas (8 noturnas)

1.519 Paragens

7 milhões Passageiros por ano

3,6 milhões Quilómetros por ano

12.114 Quilómetros por dia

134 Profissionais