SMS recomenda associação de moradores na área património mundial
Membro do conselho científico da Sociedade Martins Sarmento, Maria José Meireles também sugeriu relatório bienal das condições de habitabilidade do centro histórico e de Couros.

Um dos propósitos do plano de gestão de 2021 a 2026 para o centro histórico, Património Mundial da UNESCO desde 2001, e para Couros, área que a Câmara Municipal de Guimarães deseja ver classificada, deve ser o de criar uma associação de moradores para esse território, afirmou nesta sexta-feira Maria José Meireles.
“O objetivo é defender os interesses económicos, técnicos e legais dos moradores”, referiu a investigadora e membro do conselho científico da Sociedade Martins Sarmento (SMS), entidade que acolheu nesta quinta-feira, ao final da tarde, a primeira sessão de discussão pública relativa ao plano aprovado na segunda-feira, em reunião do executivo municipal.
A autora de “Permanências e alterações – o património urbano de Guimarães nos séculos XIX-XX”, tese de mestrado pela Universidade do Minho editada num livro apresentado na passada sexta-feira, considerou também que o plano deve assegurar um “relatório bienal das condições de habitabilidade do centro histórico e de Couros”, bem como reforçar o “estudo das artes, técnicas e organizações ancestrais locais”.
Para Maria José Meireles, o plano deve ainda explicitar melhor o que vai fazer a Comissão de Acompanhamento aí proposta e também “reforçar as parcerias com museus, bibliotecas, arquivos e centros de arte” no sentido de valorizar o território que abrange.
Durante a sessão, o presidente da SMS, Paulo Vieira de Castro, frisou que o património é “aquilo que as pessoas constroem e vivem”, sendo necessariamente “algo de dinâmico”, em que as pessoas “se reconhecem”.
A versão preliminar do plano, com 252 páginas, está disponível para consulta pública até ao final deste mês, e o vereador municipal com o pelouro do Urbanismo, Fernando Seara de Sá, vincou que esta é a primeira de cinco sessões de apresentação do documento, tendo por tema a credibilidade. As próximas, sempre às 18:00, terão lugar a 13 de maio, no Instituto de Design, sob o tema “competências”, a 20 de maio, no Cineclube de Guimarães, sob o tema “comunicação”, a 22 de maio, no Convívio, sob o tema “comunidade”, e a 27 de maio, na Assembleia de Guimarães, sob o tema “conservação.
Seara de Sá frisou que a “credibilidade é uma das coisas necessárias para a candidatura destes processos à UNESCO” e que o documento deve servir para se “construir uma cidade que, no futuro, seja mais inclusiva e produto da vontade da comunidade”.
Também presente na sessão, a diretora regional da Cultura do Norte, Laura Castro, enalteceu, numa curta intervenção, o “lado dinâmico” do plano e também a vontade de se alargar a área classificada, quando, em vários outros casos, subsistem “dúvidas sobre a permanência das classificações”.
“Uma jóia de família”
O Salão Nobre da SMS também acolheu a intervenção da diretora do Paço dos Duques e do Museu Alberto Sampaio. Isabel Fernandes comparou o centro histórico a uma “joia de família”.
“É algo que herdamos de quem gostamos. A não ser que as condições financeiras sejam muito más, não se vende. Mas também só tem valor se se usar. A joia vale nada se estiver guardada no banco”, comparou.
A responsável instou, por isso, os vimaranenses, residam eles na cidade ou no restante território concelhio, a participarem no processo, mesmo que as sugestões venham a ser recusadas pela Câmara Municipal de Guimarães, por colocarem em risco a “autenticidade” dos imóveis. Para Isabel Fernandes, deve-se “preservar o centro histórico””, “torná-lo vivo” e “manter pessoas”.